quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O QUE É A PSICOFÍSICA ?







Uma breve introdução à Psicofísica 

Experimente, faça essa pergunta a qualquer aluno de graduação em Psicologia. A grande maioria lhe responderá com outra interrogação, dessa vez no próprio rosto. Caso você pergunte se tiveram alguma disciplina ou mesmo uma simples aula sobre esse tema, é provável que a resposta seja não. Talvez você receba um não meio desconfiado, porque pensamentos como os que seguem serão comuns: “Será que isso é importante? Tomara que eu não tenha que aprender isso, pelo nome terei que fazer contas, escolhi Psicologia pra fugir da matemática, já basta ter estatística e ainda mais essa... Como é o nome mesmo? Psicofísica...”
Mais um teste. Pergunte ao mesmo aluno se ele sabe quando a Psicologia começou a ser reconhecida como ciência. A resposta será em uníssono: em 1879 com Wilhelm Wundt e a inauguração de um laboratório de psicologia experimental em Leipzig na Alemanha. Se nem isso eles souberem responder, é sinal que o ensino de Psicologia em nossas universidades e faculdades anda mal, muito mal... Mas isso é assunto para outro dia.
Voltando ao nosso assunto: o laboratório de Wundt permitiu que a Psicologia se separasse da Filosofia e fosse reconhecida como ciência com a introdução de noções como quantificar e mensurar. Até então a Psicologia limitava-se aos fenômenos da consciência e esta era considerada inacessível do ponto de vista científico. Até o famoso filósofo e matemático René Descartes afirmou que a consciência não podia ser estudada com métodos reconhecidamente científicos, como ocorria nos campos da Física, da Biologia e da Química. Mas como Wundt conseguiu superar essa dificuldade e investigar a relação entre a mente/consciência e o mundo físico/material?
A resposta é: graças à Psicofísica. Esta disciplina estuda a relação entre os estímulos físicos (por exemplo, a luminosidade de uma sala, o peso de um objeto) e a experiência sensorial, isto é, uma dimensão psicológica (quão clara a sala está e quão pesado é o objeto para você). E foi com experimentos com base psicofísica, que Wundt empreendeu esforços para dividir os processos mentais em seus componentes mais básicos.
Entretanto, não foi Wundt que iniciou essa maneira de investigar os fenômenos mentais. Os primeiros experimentos psicofísicos, principalmente sobre a sensação tátil, foram realizados por Ernst Heinrich Weber, professor de anatomia e fisiologia da Universidade de Leipzig. Isso mesmo, a mesma de Wundt. Numa época sem a rede mundial de computadores, estar próximo de grandes cientistas era fundamental para que boas idéias fossem fomentadas e desenvolvidas. Apesar dos estudos de Weber, o começo da Psicofísica é creditado à Gustav Theodor Fechner, um médico nomeado como professor de Física na Universidade de... não preciso dizer qual era, não é mesmo?

Fig 1. Da esquerda para a direita: Ernst Heinrich Weber (Imagem retirada do site:http://en.academic.ru/dic.nsf/enwiki/391300), Gustav Theodor Fechner (Imagem retirada do site: http://en.wikipedia.org/wiki/Gustav_Fechner) e Wilhelm Wundt (Imagem retirada do site: http://www.psych.upenn.edu/history/cattelltext.htm).
 Fechner sonhava em descobrir uma equação que relacionasse o aspecto psíquico e o aspecto físico da realidade. Dessa maneira, acreditava que eliminaria o dualismo mente-corpo. Fechner conhecia os estudos de Weber e mais tarde reconheceu sua importância para a Psicofísica, inclusive o que hoje denominamos Lei de Fechner, foi por ele chamada Lei de Weber.
Atualmente, a International Society of Psychophysics (ISP)  organiza um congresso anual sobre Psicofísica, conhecido como Fechner Day . Este sempre ocorre em outubro e sempre que possível no dia 22 deste mês. Segundo os relatos, foi na manhã deste dia no ano de 1850, que Fechner concebeu a Psicofísica. Dez anos mais tarde, ele publicou “Elemente der Psychophysik”, o livro seminal desta disciplina. Este ano o Fechner Day ocorreu entre os dias 19 e 22 de outubro em Pádua na Itália e comemorou os 150 anos de publicação desse livro.
Desse modo, pode-se afirmar que a Psicofísica precede a Psicologia. A Psicofísica é, portanto, a primeira e mais antiga disciplina no amplo campo da Psicologia Experimental.  Infelizmente, o ensino da Psicofísica ou é negligenciado ou é totalmente ignorado nos cursos de graduação em Psicologia. Por isso, a maioria dos graduandos não sabe responder à pergunta que dá nome a este texto. Triste situação.
Embora as pessoas que a estudem não sejam numerosas, nestes 160 anos a Psicofísica se desenvolveu bastante, surgiram idéias e conceitos importantes e foram desenvolvidos métodos de mensuração para campos da ciência tão diversos como cartografia, ergonomia, criminologia e educação física. Além disso, encontra-se a Psicofísica aplicada em avaliação de comidas e bebidas, desenvolvimento de perfumes, avaliação de dor e diagnósticos médicos. Como se pode notar é um assunto amplo e não houve a pretensão de esgotá-lo. O objetivo era situar a Psicofísica dentro do campo da Psicologia e as leis e os métodos psicofísicos serão abordados futuramente.
Se você quer estudar a percepção e o modo como a realidade à sua volta é construída, então a Psicofísica não pode ser ignorada. E mais, deve ser estudada e compreendida.


Leonardo Gomes Bernardino
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Gostou? Quer ler mais? 
  • Gescheider, G. (1997). Psychophysics: the fundamentals (3rd ed.).Lawrence Erlbaum Associates.
  • Schiffman, H. R. (2005) Psicofísica. In: H. R. Schiffman, Sensação e Percepção (pp. 17-33). Rio de Janeiro: LTC.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

SÍNDROME DO NINHO VAZIO: COMO SUPERAR A SAUDADE QUANDO OS FILHOS SAEM DE CASA







A história se repete em muitos lares: o filho cresce, amadurece, torna-se independente e toma a decisão de morar sozinho. Esse é o rumo natural da vida, mas, mesmo sabendo disso, é difícil superar a falta.

Tristeza, depressão, sentimento de inutilidade e saudade. Esses e outros sintomas caracterizam a Síndrome do Ninho Vazio, que atinge as mães – e, muitas vezes, até mesmo os pais – quando seus filhos batem as asas e saem de casa.

Síndrome do Ninho Vazio se caracteriza pelo sentimento de solidão, vazio, tristeza, irritação e depressão sentidos pelos pais quando um filho deixa o lar, rumo a uma vida mais independente. Essa Síndrome atinge mais as mulheres e elas muitas vezes se sentem abandonadas. 

É natural em algum momento da vida os filhos saírem de casa, seja porque vão se casar, ou porque vão cursar a universidade em outra cidade ou país, etc. Isso deveria ser comemorado pelos pais, mas nem sempre isso acontece. Muitas vezes isso se torna um pesadelo. Por não conseguir lidar com isso, o sentimento de saudade acaba ganhando proporções prejudiciais à vida de quem fica. 

A saudade pode virar depressão, crises de ansiedade, angústia, problema psicossomáticos que antes não existiam. A emoção pode ser transformada em dor. É comum as pessoas transferirem a tensão do estresse para o músculo, nas costas, e isso por mais que seja psicológico, causa dor. E a dor é real. 

É uma fase complicada principalmente para mulheres que passaram toda a sua vida dedicando-se exclusivamente aos filhos, quando eles vão embora, elas perdem o chão, sentem um vazio, uma perda de si mesma. 

O primeiro passo a ser tomado é reconhecer a situação. O segundo é aceitá-la. E aí começar uma nova etapa da vida, descobrindo o que dá prazer, pode ser estudar, dançar, ler livros, sair, viajar, costurar, fazer cursos, voltar a trabalhar, fazer trabalhos voluntários, ampliar a rede social, aprender a usar a Internet, fazer atividades físicas, retomar a fazer o que antes dava prazer, existe uma infinidade de coisas, basta a pessoa ficar aberta e disposta. 

Nada vai substituir a saída dos filhos, mas é preciso entender que a fase da vida mudou e se a pessoa não buscar outras fontes de prazer ela pode desenvolver muitas e até um somatório de doenças. Não é para ignorar os sintomas, mas sim aceitar a dor, aceitar a saída do filho, se adaptar a essa mudança e dar novos sentidos para a vida. 

Conversar com outros pais que já passaram pela mesma situação pode ajudar. É um peso muito grande que você dá ao seu filho a responsabilizá-lo pela sua felicidade. O importante é que a mãe ou pai tire o foco da ausência do filho. 

Se nada disso adiantar e a dor não passar, é importante que a pessoa procure um tratamento psicológico, fazendo terapia pelo menos uma vez por semana e talvez até tomar algum medicamento para alívio dos sintomas que um Psiquiatra pode receitar. Pode também procurar ajuda de remédios naturais, mas sempre indicados por um médico. 


IMPORTANTE: As informações contidas neste artigo são apenas para referência, não devendo ser usadas para automedicação ou autodiagnóstico. Se você estiver com algum problema de saúde, qualquer tipo de sofrimento, algo que está prejudicando sua vida, procure um médico.



Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/22399/sindrome-do-ninho-vazio#ixzz3BWbaHUvL